O jovem Gabriel Soares, membro da nossa paróquia, participou em janeiro da II Missão Sem Fronteiras, organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias. Acompanhe o testemunho dado pelo Gabriel.
Irmãos e Irmãs:
Em
dezembro
de 2014,
tive a felicidade de participar da I
Missão jovem na
amazônia, promovida pela CNBB, em Manaus.
Depois,
em outubro de 2016, com outros representantes da Diocese de Rio
Branco, nos reunimos em Porto Velho às demais dioceses e Prelazia do
Noroeste na celebração do 1º
Congresso Missionário do Regional
para fazer memória da caminhada, ampliar horizontes e crescer em
comunhão.
Minha
mais recente experiência aconteceu de 12 a 22 de janeiro de 2017, em
Itapebussu, distrito de Maranguape, região do sertão cearense
castigada por severa seca de seis anos. Falo, agora, da II
Missão Sem Fronteiras,
também organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias, como a
primeira, contando dessa vez com 85 jovens de 20 Estados do Brasil e
quatro do Paraguai.
Foram
experiências que tocaram nosso coração de jovens participantes e
contagiaram as comunidades locais a cada momento em que nós, da
Infância, Adolescência e Juventude Missionária, reafirmamos nosso
compromisso através da doação pessoal em favor da população
visitada, animada e mobilizada missionariamente.
A
exemplo do que fez Jesus com seus discípulos, fomos enviados dois a
dois para as VISITAS.
Essa dinâmica intensificou a comunhão na alegria com que fomos
recebidos. A acolhida mútua prendeu nosso coração àquele povo
simples que enfrenta desafios diários, como a seca, a pobreza e a
falta de políticas públicas, sem perder a esperança na luta por
dias melhores. É um povo de fé autêntica!
Aquela
experiência missionária assumiu, em sua metodologia, o desejo e a
manifestação de uma “Igreja em saída” caminhando até as
periferias, às realidades onde a vida é muito sofrida. Na
programação, além de visitas e atividades religiosas,
desenvolvemos oficinas com as temáticas “Cidadania e Direitos
Humanos”, “Educação Ambiental” e “Saúde Comunitária”.
As oficinas foram pensadas após um mapeamento de urgências das
comunidades a serem visitadas. Assim, nossa ação se estendeu ao
cuidado com o meio ambiente e com a pessoa humana onde ela vive.
Encontramos situações de extrema pobreza em pessoas desrespeitadas
por quem deveria promover seus direitos. Encontramos comunidades
obrigadas a beber água salgada por falta de acesso a outra melhor,
sem condições de comprar ao menos uma garrafa de água por causa do
preço absurdo. Recordamos que a Missão da Igreja inclui, além do
anúncio, também o serviço humilde, o diálogo e o testemunho de
comunhão como exigências da ação evangelizadora. Ainda há muito
a fazer!
OUVIR
também faz parte da missão! “Deus deu a nós uma boca e dois
ouvidos; isso prova que devemos falar menos e escutar mais”. No
mundo da tecnologia, perdeu-se muito o contato físico. A experiência
mostrou a importância do dialogo olho no olho. Não fomos pregar
doutrina ou levar nossa cultura e costumes, mas conhecer e viver a
realidade do povo do sertão .
Desde
o dia em que chegamos, encontramos Jesus naquelas pessoas. Na
ACOLHIDA
do sorriso, do abraço, do gesto solidário, elas não abriram
simplesmente as portas de suas casas, mas abriram o principal: seus
corações. Contamos nos dedos as casas nas quais precisamos tomar a
iniciativa de fazer uma leitura bíblica ou uma oração antes
preparada, pois a oração feita pela família era espontânea e
revelava seus desabafos, lutas e sofrimentos.
A
missão apresenta desafios e nessa não foi diferente. Uma queda
quase me tirou a oportunidade de viver a experiência. Resisti às
dores constantes no joelho e pude experimentar, ainda mais, a dura
realidade de um local sem posto médico. Senti no corpo as
necessidades das pessoas, mas, a solidariedade delas me impulsionava.
A bengala emprestada por uma religiosa do local me acompanhou todos
os dias a subir e descer morros. Forçava o joelho para não perder a
oportunidade de estar com o povo. Chegando aqui, descobri uma ruptura
no menisco e terei que passar por um procedimento cirúrgico, mas
isso não me abala nem causa medo: faria tudo novamente.
Desde
o Batismo, somos chamados à missão. Todos os dias, somos convidados
a atender ao apelo da Igreja, vivo e presente hoje na voz do Papa
Francisco. É o apelo que Cristo nos faz por uma “Igreja em saída”.
Às vezes, não precisamos ir longe, pois tanto o missionário que
percorre quilômetros como o que dá apenas um passo tem a mesma
oportunidade de evangelizar. Como dizia São Francisco: “Evangelizem
muito e, se for preciso, usem palavras!”.
Acolhamos
o convite de Deus e sejamos missionários em nossas comunidades, em
nossas famílias e no trabalho, semeando esperança e alegria, pois
sofrimentos não estão distantes. O mundo precisa conhecer a
verdadeira alegria e nós somos portadores dela. Conhecendo Jesus, a
alegria brota em nós, mesmo diante da dor. Precisamos de famílias
que sejam uma “fábrica” (um berço) de missionários. Quando
pais educam seus filhos na fé, fazem deles missionários. Precisamos
de famílias que acolham e testemunhem a alegria do Evangelho!
Olhemos
todas as pessoas com o olhar de Deus. Não apenas com os olhos do
nosso rosto, pois enxergam muitas desgraças. Olhemos com o coração.
Sejamos catequistas uns dos outros, saindo continuamente de nós
mesmos para testemunhar a presença amorosa de Jesus e anunciá-lo a
todos!
Encerro,
agradecendo a Deus por mais essa graça. Agradeço ao Comire -
Conselho Missionário do Regional Noroeste e ao Comidi - Conselho
Missionário Diocesano do qual faço parte, pela confiança que
depositaram em mim e pela colaboração para que eu pudesse vivenciar
tudo isso. Agradeço ao meu pároco, Padre Roberto, por seu
entusiasmo missionário que nos cativa. Agradeço a cada um e cada
uma pelas orações e preces. Que este meu testemunho encoraje outras
pessoas a anunciar Jesus Cristo a crianças, jovens, adultos e idosos
de todas as gentes. Que não guardemos somente para nós a alegria de
tê-lo encontrado, pois não somos seus donos. Cristo não faz
acepção de pessoas. Ele conta com todos.
Obrigado!
Rio
Branco – Acre, 20 de março de 2017.
Gabriel
Soares Barros
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