segunda-feira, 20 de março de 2017

TESTEMUNHO MISSIONÁRIO: "UMA IGREJA EM SAÍDA"

O jovem Gabriel Soares, membro da nossa paróquia, participou em janeiro  da II Missão Sem Fronteiras, organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias. Acompanhe o testemunho dado pelo Gabriel. 

Irmãos e Irmãs: 
Em dezembro de 2014, tive a felicidade de participar da I Missão jovem na amazônia, promovida pela CNBB, em Manaus.
Depois, em outubro de 2016, com outros representantes da Diocese de Rio Branco, nos reunimos em Porto Velho às demais dioceses e Prelazia do Noroeste na celebração do 1º Congresso Missionário do Regional para fazer memória da caminhada, ampliar horizontes e crescer em comunhão.
Minha mais recente experiência aconteceu de 12 a 22 de janeiro de 2017, em Itapebussu, distrito de Maranguape, região do sertão cearense castigada por severa seca de seis anos. Falo, agora, da II Missão Sem Fronteiras, também organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias, como a primeira, contando dessa vez com 85 jovens de 20 Estados do Brasil e quatro do Paraguai.
Foram experiências que tocaram nosso coração de jovens participantes e contagiaram as comunidades locais a cada momento em que nós, da Infância, Adolescência e Juventude Missionária, reafirmamos nosso compromisso através da doação pessoal em favor da população visitada, animada e mobilizada missionariamente.
A exemplo do que fez Jesus com seus discípulos, fomos enviados dois a dois para as VISITAS. Essa dinâmica intensificou a comunhão na alegria com que fomos recebidos. A acolhida mútua prendeu nosso coração àquele povo simples que enfrenta desafios diários, como a seca, a pobreza e a falta de políticas públicas, sem perder a esperança na luta por dias melhores. É um povo de fé autêntica!
Aquela experiência missionária assumiu, em sua metodologia, o desejo e a manifestação de uma “Igreja em saída” caminhando até as periferias, às realidades onde a vida é muito sofrida. Na programação, além de visitas e atividades religiosas, desenvolvemos oficinas com as temáticas “Cidadania e Direitos Humanos”, “Educação Ambiental” e “Saúde Comunitária”. As oficinas foram pensadas após um mapeamento de urgências das comunidades a serem visitadas. Assim, nossa ação se estendeu ao cuidado com o meio ambiente e com a pessoa humana onde ela vive. Encontramos situações de extrema pobreza em pessoas desrespeitadas por quem deveria promover seus direitos. Encontramos comunidades obrigadas a beber água salgada por falta de acesso a outra melhor, sem condições de comprar ao menos uma garrafa de água por causa do preço absurdo. Recordamos que a Missão da Igreja inclui, além do anúncio, também o serviço humilde, o diálogo e o testemunho de comunhão como exigências da ação evangelizadora. Ainda há muito a fazer!
OUVIR também faz parte da missão! “Deus deu a nós uma boca e dois ouvidos; isso prova que devemos falar menos e escutar mais”. No mundo da tecnologia, perdeu-se muito o contato físico. A experiência mostrou a importância do dialogo olho no olho. Não fomos pregar doutrina ou levar nossa cultura e costumes, mas conhecer e viver a realidade do povo do sertão .
Desde o dia em que chegamos, encontramos Jesus naquelas pessoas. Na ACOLHIDA do sorriso, do abraço, do gesto solidário, elas não abriram simplesmente as portas de suas casas, mas abriram o principal: seus corações. Contamos nos dedos as casas nas quais precisamos tomar a iniciativa de fazer uma leitura bíblica ou uma oração antes preparada, pois a oração feita pela família era espontânea e revelava seus desabafos, lutas e sofrimentos.
A missão apresenta desafios e nessa não foi diferente. Uma queda quase me tirou a oportunidade de viver a experiência. Resisti às dores constantes no joelho e pude experimentar, ainda mais, a dura realidade de um local sem posto médico. Senti no corpo as necessidades das pessoas, mas, a solidariedade delas me impulsionava. A bengala emprestada por uma religiosa do local me acompanhou todos os dias a subir e descer morros. Forçava o joelho para não perder a oportunidade de estar com o povo. Chegando aqui, descobri uma ruptura no menisco e terei que passar por um procedimento cirúrgico, mas isso não me abala nem causa medo: faria tudo novamente.
Desde o Batismo, somos chamados à missão. Todos os dias, somos convidados a atender ao apelo da Igreja, vivo e presente hoje na voz do Papa Francisco. É o apelo que Cristo nos faz por uma “Igreja em saída”. Às vezes, não precisamos ir longe, pois tanto o missionário que percorre quilômetros como o que dá apenas um passo tem a mesma oportunidade de evangelizar. Como dizia São Francisco: “Evangelizem muito e, se for preciso, usem palavras!”.
Acolhamos o convite de Deus e sejamos missionários em nossas comunidades, em nossas famílias e no trabalho, semeando esperança e alegria, pois sofrimentos não estão distantes. O mundo precisa conhecer a verdadeira alegria e nós somos portadores dela. Conhecendo Jesus, a alegria brota em nós, mesmo diante da dor. Precisamos de famílias que sejam uma “fábrica” (um berço) de missionários. Quando pais educam seus filhos na fé, fazem deles missionários. Precisamos de famílias que acolham e testemunhem a alegria do Evangelho!
Olhemos todas as pessoas com o olhar de Deus. Não apenas com os olhos do nosso rosto, pois enxergam muitas desgraças. Olhemos com o coração. Sejamos catequistas uns dos outros, saindo continuamente de nós mesmos para testemunhar a presença amorosa de Jesus e anunciá-lo a todos!
Encerro, agradecendo a Deus por mais essa graça. Agradeço ao Comire - Conselho Missionário do Regional Noroeste e ao Comidi - Conselho Missionário Diocesano do qual faço parte, pela confiança que depositaram em mim e pela colaboração para que eu pudesse vivenciar tudo isso. Agradeço ao meu pároco, Padre Roberto, por seu entusiasmo missionário que nos cativa. Agradeço a cada um e cada uma pelas orações e preces. Que este meu testemunho encoraje outras pessoas a anunciar Jesus Cristo a crianças, jovens, adultos e idosos de todas as gentes. Que não guardemos somente para nós a alegria de tê-lo encontrado, pois não somos seus donos. Cristo não faz acepção de pessoas. Ele conta com todos.
Obrigado!
Rio Branco – Acre, 20 de março de 2017.

Gabriel Soares Barros







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